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Brasília
Semana que vem nossa presidente Dilma Roussef se ausentará da nação para comparecer à reunião dos presidentes do chamado BRICS, a se realizar na Índia.
Na pauta, encontrar fórmulas para que o grupo, criado após a menção de um economista inglês a um certo conjunto de países de economias emergentes que deveriam ser observados, no início da década de 2.000, deixe de ser uma mera sigla, mas passe a ter uma agenda efetiva de bloco econômico: aumento da colaboração econômica entre os cinco países, reivindicações quanto ao poder de influencia nos destinos do planeta via ONU, criação de um banco de desenvolvimento do “bloco”, políticas de aproximação em geral. Como um casal de esquisitos e enjeitados que se encontra e procura por (inventar) coisas em comum para viabilizar um derradeiro arranjo para que possam se apresentar como normais na sociedade, lá vai o nada homogêneo grupo conversar. Os objetivos das cinco nações são tão incongruentes quanto o são todas as suas peculiaridades e características e problemas internos: sociais, econômicas, políticas, geográficas, culturais, educacionais, populacionais, regimes tributários, perfil logístico internos... Convenhamos: colocar o PIB anual de 2010 de quase 6 trilhões de dólares da China com os pouco mais de 500 bilhões da África do Sul no mesmo período numa mesma mesa de conversações é forçar a barra, não é mesmo? Os mais de 600 bilhões de chineses gastadores que compõem a população economicamente ativa da China – leia-se “Consumidores” - têm um poder de sustentabilidade da economia de seu gigantesco país muito maior que os cerca de 70 ou 80 milhões de brasileiros que realmente podem consumir alguma coisa aqui em Pindorama. A China, que põe dinheiro pelo ladrão (reservas internacionais de quase 3 trilhões de dólares em 2010), definitivamente não pode ser classificada como “emergente”, no mesmo sentido do “emergente” (eternamente emergente) Brasil e seus 300 bilhões de reservas. A localização geográfica dos países – China, Índia e Rússia ali, coladinhos, mais os distantes Brasil e África do Sul não favorece a “parceria”. Um banco de desenvolvimento para o “bloco”? A China precisa do banco para canalizar seus trilhões de dólares que mantém em caixa, devidamente transformado em sua moeda interna, para economias estáveis, em países razoavelmente estabilizados politicamente, e ampliar sua influência internacional – sem dúvida, o consistente avanço dos interesses chineses pelos quatro cantos da aldeia global é medonho. Vorazes e predatórios, causam arrepios na espinha de qualquer observador um pouco mais atento quanto ao futuro próximo do panorama econômico. Os outros quatro países do grupo precisam desesperadamente do banco para atacar seríssimos problemas estruturais internos. A economia e o desempenho chinês simplesmente os colocam fora do contexto do grupo. Esses países simplesmente não possuem interesse em comum. Minto: Todos têm, sim, um interesse em comum – o maior parceiro comercial de cada um é os EUA. E, quando se trata disso, esquece a parceria, pois todos se tornam concorrentes, isso sim. O balde de água fria neste encontro de um “bloco” frouxo e sem consenso: a língua oficial do encontro é...a inglesa. Com forte sotaque yanque. No mais, aqui na terrinha os problemas são os de sempre. A cegueira imposta pelos últimos anos de governo demagogo e ufanista impedem muitos de nós de contextualizar o panorama um tanto quanto ambíguo. É notória a falta de dinheiro na praça, e o aperto do setor comercial, com a queda de movimento. Aqui no centro de São Paulo, a maior metrópole do hemisfério sul do planeta azul, vejo e constato, com tristeza, o fechamento de várias lojas – de roupas, lanchonetes, butiques – algumas “abriram” as portas nos últimos 2 anos – e as placas de “aluga-se”, “vende-se” ou “passo o ponto” já começaram a surgir. A pergunta que ouço com insistência, de comerciantes e de consumidores: onde foi parar o dinheiro? Está com os bancos – respondo. Mas há algo estranho aí – retrucam. Quando “pegamos” as estradas nos fins de semana, vemos uma infinidade de carrões novos, importados. Esse pessoal, esses que têm esses carrões devem estar com o dinheiro, devem saber de algo que não sabemos... A explicação é simples, e o governo a nega ao povão: o endividamento das famílias brasileiras. O comprometimento da renda anual das famílias brasileiras com dívidas é de arrepiar os cabelos até dos carecas: 42,3%. Só para comparar, o mesmo índice do complicado e quebrado EUA no mesmo período é de 17%! O perfil da dívida familiar só nos deixa mais preocupados: advém principalmente de obrigações contraídas de longo prazo: aquisição de automóveis (em seus financiamentos de 60 meses), e aquisições de imóveis (financiamentos de 8 anos). Fora as dívidas eternas dos cartões de crédito, muitas delas impagáveis. O deslumbrado e alienado consumidor brasileiro, incentivado por políticas irresponsáveis, saiu às compras, principalmente de importados, colocou uma corda em seu próprio pescoço e, de quebra, comprometeu a atividade industrial tupiniquim. Isso significa que, do lado do consumo, muito pouca coisa vai acontecer no curto e no médio prazos para socorrer nossa economia à beira da estagnação. Isso se não vier o fantasma do desemprego. Desemprego? Mas do que é que você está falando, Wagner, vira essa boca para lá?!!! Lá vai: No primeiro bimestre de 2012, verificou-se um aumento de 212,5% (duzentos e doze e meio por cento! - isso mesmo) no número de pedidos de falências de grandes empresas brasileiras, em relação ao mesmo período do ano passado. Ou seja, a atividade industrial brasileira, de desempenho pífio em 2011, conseguiu ficar ainda pior nos primeiros meses deste ano. Ora, quando fecha uma empresa, para onde vão os seus colaboradores, não seria para o olho da rua? Quando eu era estudante, meados da década de 1970, o ministro que chefiava a economia do Brasil era o Delfim Neto – no início de sua carreira, na ditadura, ele era um jovem prodígio da economia, um gênio. Por aquela época, a dos meus estudos, já quase ninguém acreditava nele e nas suas projeções do falido milagre brasileiro. Hoje, o papel é desempenhado pelo pragmático Guido Mantega. E o mote de sua sina é o mesmo: quem acredita nele? Bom passeio, presidente Dilma. Só não vá tomar banho no Ganges. Dizem que é de alto risco para a saúde. Wagner Woelke
1 Comment
_O setor industrial segue célere seu destino de ser engolido pelos importados, processo verificado de forma crescente e fortemente incrementado no ano passado.
Entre os fatores deste massacre, a taciturna política econômica implementada no país, que é muito lenta ao reagir ao dinâmico mercado internacional e suas investidas leoninas. Assistimos às famintas investidas dos produtores internacionais ao nosso alegado saudável mercado consumidor interno, quase nos ufanando por estarmos aparentemente longe da ruína dos tradicionais mercados norte-americano e europeu, e isso nos faz cochilar sobre louros enganosos de quem pensa que está imune ao panorama mundial nada tranqüilizador. Por conta disso, ao verificarmos os indicadores econômicos do ano de 2011, não podemos deixar de ficar preocupados com os rumos reservados ao nosso setor produtivo. No geral, em 2011 22,8% de todos os manufaturados consumidos no Brasil veio de fora. Não é este articulista defensor de algum ingênuo processo de isolamento econômico do país, para nos tornarmos de uma impossível suposta autosuficiencia em alguma coisa neste mundo cada vez mais com cara de aldeia global. Porém vimos ontem, 1º. de Fevereiro, nossos hermanos da Argentina impor um pacote de controle geral de importações que afeta diretamente ao seu maior parceiro comercial, nós, colunas que somos do malfadado bloco econômico chamado de Mercosul: às favas com várias garantias de condições privilegiadas de trâmites e tributação de mercadorias entre os países membros, Brasil e Argentina dividindo o status e a responsabilidade de serem as firmes colunas que o sustentam. No âmbito geral do comércio internacional, outros blocos econômicos e outras nações miram nossos consumidor interno, vários deles empolgados por terem nas mãos algum produto importado, não visualizando que, enquanto consumimos massivamente coisas que vêm do outro lado do planeta, prejudicamos nosso quadro interno de desenvolvimento tecnológico, emprego e até mesmo a balança comercial. Conseqüências imediatas disso: Mercado de celulares: a importação de aparelhos em 2011 cresceu de 7 milhões de aparelhos em 2010 para 15 milhões de aparelhos em 2011. Em contrapartida, as exportações brasileiras de do mesmo equipamento retraiu-se de 13 milhões de aparelhos em 2010 para 7 milhões em 2011 (Abinee). Este quadro revela vários sintomas a serem avaliados com carinho: o já identificado há décadas, famoso e propalado embora jamais atacado a sério “custo Brasil”, que inviabiliza uma concorrência competitiva com os produtos fabricados em economias mais dinâmicas, somado ao avanço tecnológico a passos galopantes e exponenciais conseguido nos fabricantes notadamente asiáticos, cuja corrida já estamos perdendo... O resumo do mercado de celulares: em 2011 as importações crescerem 111% em valores, e nossas exportações despencaram 48% idem; as importações de equipamentos de telecomunicações no ano passado aumentaram em 35% em relação a 2010, e nossas exportações diminuíram em 19%. No setor automotivo, onde o Brasil tem o 3º. Mercado consumidor do planeta, nosso “acordo” comercial com o simpático México resultou em 2011 em importações de 2 bilhões de dólares de veículos e peças daquele país, contra exportações de míseros 372 milhões na mesma moeda. (Isso sem falar que os milhares de carros que vêm daquele país circulam em nossas ruas e estradas com equipamentos de segurança que não atendem as especificações da autoridade brasileira de transito(!)). Com base nas “facilidades” do acordo, os lançamentos de veículos ultramodernos e luxuosos que fazem a delícia do deslumbrado consumidor brasileiro que poderiam e deveriam ser fabricados aqui em Pindorama, o são na terra da tequila, enquanto nossas fábricas de automotivos encolhem com o fim de linha de modelos antigos e ultrapassados tecnologicamente. Os carros que os fabricantes resolvem fabricar por estas paragens simplesmente não agregam o que há de mais moderno e avançado, e contribuímos para que os outros países, os fabricantes, se distanciem cada vez mais na vertiginosa corrida tecnológica. 24,4% dos veículos vendidos em 2011 não falam o delicioso português do Brasil (literalmente: seus comandos em língua estrangeira escancaradamente ignoram os dizeres do nosso Código de Defesa do Consumidor, em processo já denunciado aqui – engraçado: há alguns anos trabalhava na filial brasileira de um dos maiores fabricantes de tratores do mundo, e exportávamos várias unidades para a Arábia Saudita. Nenhum trator saía dos portões da indústria sem que todos os seus comandos estivessem grafados na língua pátria do destinatário. Aqui, não nos importamos de comprar coisas com instruções e indicações ininteligíveis ao nosso uso...), e as importações cresceram em valor 21,5% em 2011 em relação a 2010, e nossa atividade industrial no mesmo ramo cresceu apenas 2,4%, autopeças inclusas. No setor têxtil, um dos maiores produtores mundiais de algodão viu sua indústria de transformação deste material encolher 14,9% em 2011, ao passo em que verificamos que mais de ¼ do que consumimos no mesmo ano veio de fora. É o fenômeno da desindustrialização de vários setores tupiniquins. Não é necessário ser economista ou algum grande especialista na área para entender que o incremento das importações de manufaturados implica o fechamento das indústrias locais, com todas as conseqüências sociais e trabalhistas, e o abandono de processos de aperfeiçoamento técnico dos produtos, o que a médio e longo prazo pode inviabilizar seriamente a atividade industrial de ponta no país. Incomoda ver que somos grandes exportadores de matérias primas, suco de laranja, café e soja, e cada vez mais nos apresentamos para reassumir nosso papel que tão bem já desempenhamos historicamente, por séculos, na época do Brasil-Colônia: grandes importadores de manufaturados. Wagner Woelke _Nova reunião da cúpula do chamado G20 se aproxima neste início de Novembro, desta feita em pauta destacada a crise mundial, notadamente na região da Zona do Euro e seus 17 países com problemas para equilibrar suas finanças.
O que se espera dos países emergentes, notadamente os do chamado BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - é algum tipo de ajuda ou socorro financeiro direto para sanear economias em franco processo de estagnação ou até mesmo recessão, em países com níveis de desemprego mais do que alarmantes, em torno de 20% - coisa de período de guerras. O tal socorro esperado viria na forma de alguma intrincada composição junto ao EFSF – sigla em inglês do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, ou da compra de títulos da dívida pública de países com problemas de reservas. A nós, brasileiros, causa estranheza algumas notícias veiculadas de que o governo brasileiro estaria cogitando algum tipo de ajuda à Grécia ou a países europeus. Noticias de que algo em torno de que algo em torno de 10 a 20 bilhões de Euros sairiam dos cofres aqui de Pindorama para somar-se aos declarados 440 bilhões da mesma moeda de que dispõe o referido fundo. De um lado, notícias desencontradas sobre o tamanho do saneamento necessário para tapar o rombo coletivo no velho continente falam em algo em torno de 1 ou 2 trilhões de Euros – isso mesmo, margem de 100% de variação (ou erro)(!). Por isso os chineses querem entender melhor e mais detalhadamente a real situação, não sem antes reunirem-se às vésperas com os presidentes de seus pares no grupo dos 5 emergentes com o intuito de discutir estratégias e conseqüências e eventualmente o que pedir em troca. A desconfiança se justifica, principalmente porque a crise vem se arrastando há já alguns anos, e parece que as medidas saneadoras tomadas pelas autoridades européias, além de não terem tido eficácia no sentido de reverter a situação, também não encontram respaldo popular, e é sem sombra de dúvida necessário ter muita cautela antes de queimar recursos fazendo parte de um esforço conjunto fadado previamente ao total fracasso. Também, o montante dos recursos da suposta “ajuda” do Brasil mencionada acima nos parece tão ínfima, que sequer faria cócegas nos pés do monstro da crise, basta ver os números do buraco financeiro de um país com economia tão pequena como a Grécia, a bola da vez, o que dirá de economias mais expressivas como a Espanha e Itália, ou o trilhão necessário para o bloco todo. Por outro lado, o nosso lado, quem nos ajuda? A meta de crescimento do PIB brasileiro para o ano de 2011 já foi revista para baixo, e para o ano que vem, nossas bolas de cristal ainda estão com o foco meio embaçado para dar suporte sério aos exercícios de adivinhação e futurologia, mas o certo é que não vem coisa boa por aí. Nossos problemas estruturais ainda estão todos por resolver, embora a fumaça e os fogos de artifício do último governo tenham vendido a idéia de que tudo por aqui já está solucionado e que as coisas vão às mil maravilhas. À parte dos necessários investimentos bilionários para a realização da Copa de Futebol em 2014 e das Olimpíadas em 2016, nossos sérios problemas típicos de país subdesenvolvido como saneamento básico – água tratada e coleta de esgotos: 55% das residências brasileiras não têm ligação de coleta de esgotos e, das que tem, dados do IBGE informam que 70% dos seus dejetos coletados são repassados diretamente à natureza sem qualquer tipo de tratamento -, saúde pública sucateada e falida – não quero ser morbidamente repetitivo aqui ao relatar os casos quase diários de doentes vagando desesperadamente de hospital em hospital à procura de vagas, nem dos que são internados para tratamento em corredores, onde permanecem em pé por dias recebendo atendimento (imagine o tipo de atendimento que lhes são conferidos). Se trouxerem cadeira de casa, aí ficam internados sentados. 57% das estradas brasileiras são avaliadas como em péssimo estado ou apenas regular. Aeroportos saturados e com instalações notoriamente insuficientes para atender sequer à demanda diária normal. Produção de energia elétrica funcionando com um gargalo difícil de transpor, impedindo uma grande explosão na instalação de indústrias de transformação. Bem, eu disse que não iria me repetir, certo? A situação geral daqueles de onde se espera ajuda? Vejamos um pequeno panorama do perfil econômico dos socorristas em ordem das letras do grupo BRICS (dados de 2010, obtidos da CIA – Central Intelligence Agency – www.cia.com/theworldfactbook) Brasil População: 192 milhões de habitantes Área: 8.514.876 km2 PIB 2010 (*): US$ 2.090.314.000.000 Renda per capita: US$ 10.887/ano IDH: 0,696 Exportações: US$ 201.900.000.000 Importações: US$ 181.700.000.000 Reservas Internacionais: US$ 288.600.000.000 Rússia População: 142 milhões de habitantes Área: 17.075.400 km2 PIB 2010 (*): US$ 1.465.075.000.000 Renda per capita: US$ 10.317/ano IDH: 0,719 Exportações: US$ 400.100.000 Importações: US$ 248.700.000 Reservas Internacionais: US$ 479.400.000.000 Índia População: 1.210 milhões de habitantes Área: 3.287.590 km2 PIB 2010 (*): US$ 1.537.966.000.000 Renda per capita: US$ 1.271/ano IDH: 0,519 Exportações: US$ 225.400.000.000 Importações: US$ 359.100.000.000 Reservas Internacionais: US$ 287.100.000.000 China População: 1.338 milhões de habitantes Área: 9.596.960 km2 PIB 2010 (*): US$ 5.878.257.000.000 Renda per capita: US$ 4.391/ano IDH: 0,663 Exportações: US$ 1.581.000.000.000 Importações: US$ 1.327.000.000.000 Reservas Internacionais: US$ 2.876.000.000.000 África do Sul População: 49 milhões de habitantes Área: 1.221.037 km2 PIB 2010 (*): US$ 505.214.000.000 Renda per capita: US$ 10.243/ano IDH: 0,597 Exportações: US$ 81.860.000.000 Importações: US$ 85.830.000.000 Reservas Internacionais: US$ 43,830.000.000 Os dados da Zona do Euro (retirados do www.europa.eu – o sítio eletrônico do serviço de inteligência americano não os dispunha atualizados até 2010): População: 321 milhões de habitantes PIB 2010: US$ 14.820.000.000.000 (ou 12.220 bilhões de Euros) Renda per capita – Este dado está prejudicado como fator de comparação, pois foi encontrado com ampla margem de variação em seus 17 membros, de US$ 7.000 a US$ 78.000/ano. Pode-se colocar como uma estimativa de algo em torno de US$ 32.000/ano. IDH: da mesma forma, informação prejudicada dada à grande diferença de condições de desenvolvimento encontrada em seus países membros. Exportações (Somente considerado as vendas para países de fora da Zona do Euro): US$ 1.952.000.000.000 Importações (Somente consideradas as importações oriundas de países de fora da Zona do Euro): US$ 1.690.000.000.000 Reservas internacionais: US$ 0 Dívida Externa do bloco: US$ 13.000.000.000.000 Considerados os números acima (PIB sete vezes maior que o nosso, Dívida externa idem, renda per capita de quase o triplo da brasileira, mais outros fatores, como a cultura, como a política social, como o estágio de desenvolvimento econômico atual), não creio que o Brasil tenha grandes contribuições econômicas a dar para a recuperação do velho continente. À exceção da China, olhando a grosso modo e sem entrar em detalhes, tampouco vejo em qualquer outro país emergente do grupo dos BRICS condições de influir de forma decisiva na situação da Europa. O roto oferecendo a mão ao rasgado... Wagner Woelke O sonho do desenvolvimento, para muitos conterrâneos meus, se tivesse que ser procurado em bibliotecas, provavelmente teria suas primeiras pesquisas realizadas na mesma seção onde costumeiramente se encontram estórias da carochinha, como a do Chapeuzinho Vermelho, ou a dos Três Porquinhos e afins.
Brasileiro gosta de se iludir. A presidenta foi à ONU e abriu a última reunião (a primeira mulher - vangloriamo-nos disso), discursou sob o olhar atento do presidente Barack Obama- todo mundo viu seu semblante interessantíssimo no momento da fala-, insinuou ser detentora de conhecimento de fórmulas e receitas para a cura da crise mundial, etc., etc. Os noticiários locais, muito eficientes, mostraram nossa líder sentada em grandes sofás, em diálogo com os seus pares mundiais, ou em entrevistas coletivas com muitos microfones e, deve-se dizer, a mulher estava elegante e poderosa naquele grande evento de discussão dos destinos mundiais, sejamos sinceros. Chama-nos a atenção a desenvoltura e a eloqüência da nossa autoridade máxima, contrastando com suas performances quando em sua campanha para a presidência da república, quando, tirada da cartola do seu antecessor, o pirotécnico Lula, mal conseguia emendar duas frases completas com algum sentido nos debates. Que bom que ela se preparou, assim como o próprio Lula também saiu outra pessoa após os anos de reinado, ops, desculpe, de presidência. Mas isso é outro assunto. Espero. Voltando ao assunto inicial, a desempenho mostrado por aqui foi o suficiente para que peitos se insuflassem e sentimentos de grandiosidade tupiniquim atingisse níveis estratosféricos. A consolidação deste sentimento, que enche de orgulho uma talvez ainda não muito amadurecida sociedade brasileira, como em quase tudo nesta vida, tem seu lado bom e o seu lado ruim. O lado bom é que, como diria algum lúcido analista do caráter brasileiro, colabora para irmos perdendo o Complexo de Vira-Latas que nos assola o subconsciente provavelmente desde o tempo do Brasil Colônia. O outro lado da moeda é aquele nefasto, que mascara nossa real condição: a de país de terceiro mundo, sim senhor, perdido nos rumos de curto, médio e longo prazo, navegando sem rumo, tão cheio de atropelos como de ufanismos. Apesar do PIB de quase 2 trilhões de dólares, que nos confere a condição de 6ª. ou 7ª. economia do planeta, o que a grande massa de eleitores do nosso país faz, é deixar passar batido a análise fria de nossa real condição, muito embora a nossa pobreza esteja escancarada diariamente em todas as mídias, com nossos problemas que têm ares de insolubilidade, como a saúde, educação, transportes, tecnologia... Passam batidos relatórios atualíssimos que tentam explicar as contradições da peculiar economia brasileira, a tal 6ª. ou 7ª. do mundo: - As projeções de crescimento do PIB acabaram de serem revistas para baixo, isso depois de já haverem registrado desempenho abaixo dos colegas do chamado bloco BRICS; - A inflação, monstro que nos assolou e nos destruiu as forças por décadas, teima em forçar a barra – quem se lembra sente arrepio só de pensar. As gerações que atualmente estão na faixa etária dos 25, 30 anos, simplesmente ignoram a tragédia de viver com um índice que chegou a 84% em um mês. Preocupa alguma insinuação de que seu controle não é tão prioritário pelas autoridades monetárias do atual governo, que justificam em face da grande crise mundial que se avizinha; - Nossa pauta de exportações, essa não há meio de mudar o perfil, composto em quase 50% de seu valor de matérias primas, minérios e commodities, com muito pouco de produtos com valor agregado; - Dados da conjuntura econômica que deveriam funcionar como um balde água fria atirado em nossas caras: a produtividade média do trabalhador brasileiro é de 1/5 da produtividade do seu colega americano. Se olharmos para nosso principal parceiro (?) aqui no Sul, a vizinha Argentina, descobrimos que o trabalhador do recentemente quase falido estado dos hermanos tem um índice que é quase o dobro dos nossos esforçados laboradores. O mesmo para o desempenho verificado no nosso outro parceiro, agora dos BRICS, a Rússia. 1/3 do índice de um trabalhador sul-coreano, que nos têm inundado com seus produtos industrializados. Pior, 20% abaixo da produtividade média mundial dos trabalhadores. A grosso modo, isto equivale a dizer-se que um único trabalhador norte-americano produz com seus esforços a mesma riqueza que cinco brasileiros em média. O cálculo é simples: o PIB dividido pela massa de trabalhadores. As razões da produtividade pífia? Simples: o baixíssimo valor médio agregado de nossos produtos. Ah, ‘pera aí: mas a China e a Índia apresentam valores médios de produtividade ainda inferiores ao nosso! (isto seria algo como dizer: fico mais tranqüilo com este meu câncer terrível, pois conheço pessoas que estão em estágio mais avançado da doença! – apenas uma pausa para humor negro. Rs.) Aí entra a dança embaçante dos números: os colegas “C” e “I” tem seu cálculo desviado por uma variável acidental, ainda que histórica: suas populações na casa dos bilhões de indivíduos. Não nos enganemos: Ambos os colegas avançam a passos larguíssimos em direção ao desenvolvimento. Só para saber, “C” protocolou mais de 13 mil novas patentes em 2010, contra menos de 450 de “B”. Porque isso acontece? Infelizmente, a resposta é outra martelada nas nossas testas: a China forma 400 mil engenheiros por ano, o povo que cria tecnologia, aquele fator que leva ao desenvolvimento e ao topo, contra 80 mil aqui em Pindorama. A Índia se contenta com meros 250 mil novos criadores de tecnologia/ano, e a Rússia solta cerca de 100 mil novos engenheiros/ano em suas geladas pranchetas. Isto, a produtividade do trabalhador, é apenas um mero fator, extraído de um panorama mais complexo, porém as conseqüências mais básicas são: - Haverá um limite de desenvolvimento e crescimento da economia brasileira, que necessariamente estará num nível bem mais inferior aos dos colegas “Briquianos”; - Estaremos fadados a sermos sempre um grande fornecedor de matérias primas e alimentos, sem valor agregado ou com muito pouco (Hoje já estamos na condição de sermos meramente grandes importadores destas nações emergentes, na pauta, produtos industrializados, com grande valor agregado, vários produzidos com nossos próprios minérios); - Nossos custos de produção serão sempre mais elevados do que o de nossos pares mais diretos; - Os salários dos trabalhadores brasileiros estarão fadados a serem sempre inferiores aos dos seus colegas de países mais eficientes na produção, sob pena de, ao se pretender elevar a renda média, termos seus efeitos transformados em inflação e perda de competitividade dos agentes econômicos tupiniquins. - O risco de ficarmos eternamente apenas na promessa. Triste, não é? Infelizmente, estes aspectos não parecem fazer parte do rol de preocupações do cidadão comum, da chamada nova classe média brasileira. Pior: Nossos líderes também parecem aliviados por estarem no topo de uma grande massa que gosta de viver em uma grande maia e, comodamente, por ação ou por omissão, retroalimentam esta condição alienada e fantasiosa. E tome viagem ao exterior para mostrar nossa “grandeza”! Ainda hoje estamos lá, na Europa, levando nossas soluções para a crise mundial. Os doentes nas filas intermináveis dos hospitais de cá que prestem muita atenção nos discursos, o mesmo para os caminhoneiros que gastam com a manutenção de seus veículos arrebentados nas nossas estradas sucateadas,idem para os empresários que, além de não conseguir fabricar carros, brinquedos, têxteis que possam competir em preços com os importados, ainda têm que se virar para recolher taxas e impostos impossíveis, e pagar juros reconhecidamente nos níveis mais altos no planeta. Nos faz lembrar aquele filme da década de 1960, aquela alegoria estrelada pelo grande Burt Lancaster, numa rara autocrítica americana, onde ele faz bonito nadando em gigantescas e luxuosas piscinas de mansões de conhecidos, localizadas longe da própria casa dele, porém quando chega em seu próprio habitat, verifica decepcionado ao verificar que a sua própria piscina é rasa, suja, cheia de pessoas nada sofisticadas como aquelas que o haviam acolhido no trajeto. Nota: O único setor da economia brasileira que tem algo a “ensinar” aos colegas falidos de Espanha, Portugal e Grécia é o bancário. Extremamente concentrado, esse pessoal que não planta um pé de alface, nem jamais apertou um parafuso, no Brasil de hoje é o único que tem um sorriso de orelha a orelha. Graças aos juros. Principalmente aqueles, os que recebem do próprio governo federal, que simplesmente tem o hoje a maior dívida pública da história do Brasil. Impagável, diga-se de passagem, mas que todo mês alimenta os banqueiros com suas dezenas de milhões de reais, só de juros. Por isso, quando o Lula foi embora deixando este panorama financeiro trágico para sua sucessora, teve o dúbio desempenho de seu governo muito elogiado pelos principais banqueiros do país. Mas isso é assunto para outro artigo. Wagner Woelke O último dia 7 de setembro, quando que se comemorou os 189 anos da proclamação da independência do país, passou, num clima meio esquisito.
Explica-se: a enfraquecida e capenga veia cívica dos brasileiros está profundamente abalada pela corrupção generalizada que se revelou profundamente arraigada em todos os atos dos governos dos últimos anos na vida pública nacional. O povo está saturado de ver tanta notícia de podridão, e a postura dúbia do outrora partido imaculado, o PT, Partido dos Trabalhadores, não ajuda em nada. O Brasil, historicamente, sempre viveu em meio à corrupção. Não é privilégio do governo do PT trazer a podridão para o dia-a-dia da gestão pública, nem prerrogativa exclusiva da administração pública brasileira. Porém, depois de anos de escândalos cabeludos envolvendo o partido santo quase que diariamente vazando na mídia, no momento em que se noticia que no período que vai de 2002 a 2010, justamente a era PT, estima-se que os desvios do erário federal alcancem valor comparável ao PIB da Bolívia – montante estimado pelas autoridades responsáveis pela fiscalização de contas públicas, e que o partido oficial, lançando irritantemente mão do costumeiro argumento do performático Lula de que não sabia, não viu, assinou sem ver, não há nada de errado no seu governo, de que está tudo certo, e mais, de que o principal escândalo protagonizado por eles, o mensalão, não existiu – apesar das denúncias do deputado envolvido e cassado, apesar das gravações e filmes tornados públicos, apesar das renúncias de alguns dos protagonistas, apesar das cassações, notadamente a cassação do mandato do principal mentor e articulador das falcatruas petistas, apesar da queda de ministros herdados pela presidenta Dilma Roussef do seu antecessor, a postura arrogante e intimidatória do auto-proclamado partido messiânico. O PT institucionalizou e sacramentou a corrupção no Brasil. Enquanto andamos por estradas esburacadas e sucateadas, enquanto nossa indústria fecha as portas, massacrada pelos produtos importados que nos chegam a custo muito inferior, enquanto nossa carga tributária só faz é subir e subir, enquanto a TV mostra todo dia, nos últimos anos, o estado vergonhoso do sistema de saúde proporcionado pelo governo aos humildes, o povão, os que dependem das ações de governo para obterem este benefício, com os hospitais caindo aos pedaços, sem médicos, sem equipamentos, e as multidões enfrentando humilhantes filas de espera de meses ou anos para simples exames, ou aqueles que precisam de atendimento urgente sendo recusados e tendo portas de pronto-socorros fechadas em suas caras, e ambulâncias andando com doentes de porta em porta de hospitais sem encontrar quem os atenda, pessoas morrendo nas filas de hospitais, ou doentes que precisavam estar em UTI’s sendo atendidos no chão dos corredores, em situação que se agrava a cada dia, sem perspectiva de reversão desta tendência, a presidenta usa de escapismos dizendo que não tem verba, dizendo que tem que efetuar cortes em investimentos para controlar a inflação, a qual na verdade já está acima, não só do planejado, como também do aceitável. O povo vestiu-se de palhaço e foi às ruas nas capitais dos estados e principalmente na capital federal, em manifestações de repúdio feitas em frente à câmara dos deputados e senado, ao mar de lama e desprezo à mentira, no dia da comemoração. Os gritos de ordem e o clamor pela moralização tiveram sua força e importância minimizadas pelos líderes da atual, e isso também não ajuda no arrefecimentos dos ânimos. Ao invés, o partido dos trabalhadores esbraveja e acena com projeto de controle das mídias – isso mesmo, o partido, não o chefe do executivo, não a autoridade estabelecida, legitimamente eleita e revestida da autoridade que a constituição vigente (a qual o PT negou-se a assinar) lhe confere – e fala grosso e faz cara de mau e de santo. Não se pode mostrar o que o PT faz para se manter no poder. A corrupção é generalizada hoje no Brasil – onde quer que se mexa, descobre-se algo de podre. Isso depois de se negar durante longos e desgastantes períodos a sujeira. Senão vejamos uma amostra: Antonio Palocci: negou, negou, ameaçou, no fim caiu. Duas vezes. Estava podre. José Dirceu: negou, negou, no fim caiu. Estava podre. José Genoíno: negou, negou, no fim o povo o defenestrou, não o reelegendo para a câmara. Estava podre. Alfredo Nascimento: negou, negou, no fim caiu. Estava podre. Wagner Rossi: negou, negou, no fim caiu. Estava podre. No caso do ministro dos transportes, herdado da gestão Lula, denunciado pela revista Veja, a coisa é mais esquisita e questionável: negou enquanto pôde que houvesse ago de errado em sua pasta. Sem argumentos após algumas semanas de novidades escandalosas envolvendo sua gestão e seus auxiliares mais diretos quase que diárias, além da suspeitosa aquisição de uma propriedade em local que viria a receber posteriormente maciços investimentos do governo, abandonou o cargo. Porém, o fato de ele não servir para ser ministro por ser corrupto, aparentemente não o desqualifica que seguir no seu mandato de senador da república, pois foi recebido de braços abertos no Senado Nacional! A deputada federal Jaqueline Roriz, estrela de um episódio que foi mostrado à exaustão em todos os noticiários do país, onde ela e o marido aparecem recebendo maços de dinheiro, foi inocentada por seus pares na câmara dos deputados. Claro, se fossem cassá-la por isso, como explicar a permanência de uns tantos outros que também têm a ficha mais suja que pau de galinheiro? Daí a revolta dos participantes da passeata em Brasília, que ostentavam, além do nariz de palhaço, o convite para o ditador corrupto da Líbia: “Kadafi, não importa o seu passado, No Brasil você pode ser deputado!” Também é sintomático e preocupante também que a podridão só seja mexida e a extensão do estrago só seja apurada quando a grande imprensa descobre e denuncia – a eficiente Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República começa a apurar toda vez que sai nos jornais. Nos grandes jornais, melhor dizendo. Tristemente engraçado, pois podemos, com preocupação, concluir que, se não der na grande imprensa, também nada se apura por aqueles que deveriam zelar pela vigilância da conduta. O PT não gosta que se mostrem suas falcatruas. Ficam ofendidos, esbravejam, ameaçam, desqualificam a quem quer que ouse desmascarar sua santidade (Vide o caso do valente Francenildo, caseiro que denunciou as maracutaias do então ministro da fazenda, Antonio Palocci, no início do governo Lula, ameaçado, sigilo bancário quebrado ao arrepio dos mais básicos princípios exarados na brilhante e avançada Constituição Federal de 1988. Aquela que o PT não assinou. Ou da chefe da Secretaria da Receita Federal, que no governo anterior informou que recebeu pessoalmente instruções expressas da então ministra-chefe da Casa Civil, a Sra. Dilma Roussef, para dar tratativa especial a mais um caso delicado envolvendo a duvidosa administração PT. Foi covardemente desqualificada em público pelo próprio líder dessa turma, que com sua cara feia esbravejou, cuspiu pelos microfones a incompetência e a mentira da sua funcionária mais subalterna. A desproporcionalidade dos atos e atores - presidente da república contra uma funcionária burocrática, não incomodou ao “grande” líder, desprovido de qualquer senso ético e moral, e execrou publicamente a mulher. Depois o povo foi lá e elegeu sua cria para o seu lugar. Pasmem! Paciência. O povo tem que sair mais às ruas, antes que até este direito, conquistado a duras penas e à custa de muitas vidas, até hoje anônimas, lhe seja negado. Justamente por aqueles que se beneficiaram da instalação da democracia em terras brasileiras. Wagner Woelke No dia 21 de Agosto de 2.011 estavam em cartaz nos salas de cinemas comerciais da capital de São Paulo e cidades da vizinhança (Mogi das Cruzes, Suzano, Osasco, Guarulhos) as películas listadas abaixo - (As produções estrangeiras estão identificadas pelos títulos com os quais lançados no Brasil):
ESTADOS UNIDOS: - Quantidade de salas que os exibiam 1) Os Smurfs - 84 2) Lanterna Verde - 54 3) Super 8 - 49 4) Capitão América – O Primeiro Vingador - 44 5) Professora sem Classe - 38 6) Quero Matar Meu Chefe - 25 7) Harry Poter e as Criaturas da Noite - 21 8) A Árvore da Vida - 14 9) Dylan Dog e as Criaturas da Noite - 12 10) Meia Noite em Paris - 5 11) Os Pingüins do Papai - 4 12) Amor a Toda Prova - 4 13) Carros 2 - 3 14) Namorados Para Sempre - 1 15)Rio - 1 Total:.............................................................. 359 salas BRASIL: 1) Onde Está a Felicidade - 41 2) Assalto ao Banco Central - 35 3) Cilada.com - 22 4) Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo - 5 5) Ex Isto - 3 6) O Homem do Futuro - 2 7) Solidão e Fé - 2 8) A Alegria - 1 9) As Doze Estrelas - 1 10) Quebrando o Tabú - 1 11) Transeunte - 1 Total:............................................................. 114 salas FRANÇA: 1) Esses Amores - 2 2) Potiche – Esposa Troféu - 2 3) Gainsbourg - 1 4) Homens e Deuses - 1 5) O Louco Amor de Yvens Saint-Laurent - 1 6) Mamute - 1 7) Minhas Tardes com Marguerite - 1 8) O Seqüestro de um Herói - 1 Total:............................................................ 10 salas DINAMARCA: 1) Melancolia - 7 2) Tudo Ficará Bem - 1 Total:......................................................... 8 salas ITÁLIA: 1) Um Sonho de Amor - 5 2) Saturno em Oposição - 1 Total:........................................................... 6 salas ESPANHA: 1) Balada do Amor e do Ódio.................................... 1 sala REINO UNIDO: 1) Gnomeu e Julieta................................................... 1 sala Surpreende o ressurreto cinema brasileiro, tanto pela quantidade de obras em cartaz no circuito comercial quanto pela quantidade de salas que ousaram programar nossas produções. Explica-se: o cinema brasileiro, além de ter perdido a medida protecionista que vigorava pelos anos 1.980, que garantia a obrigatoriedade de exibição, em todas as salas, de títulos nacionais em mais de 170 dias por ano, praticamente teve seu fim decretado pelo Presidente Collor quando, em seu curto governo no início da década de 1.990, extinguiu a Embrafilme, a estatal do cinema. Até então, a indústria brasileira da sétima arte navegava de forma um tanto capenga, dividida entre as produções bancadas pela estatal, cujos critérios de concessão de verbas de produção, as quais iam principalmente a determinados grupos, deixavam, com razão, diga-se de passagem, muita margem a questionamentos, e as produções dos circuitos independentes que existiam em São Paulo (aqui, principalmente na chamada boca do lixo), Rio de Janeiro, e algumas manifestações no Rio Grande do Sul e em algumas capitais do Nordeste brasileiro. Portanto, termos num fim de semana na metrópole paulista 11 produções nacionais em exibição em 114 salas do circuito comercial é algo que realmente surpreende e chega a emocionar , principalmente por que um deles está tendo bilheteria muito acima da média. Por que não devemos nos ufanar: 1) Meu levantamento acima, elaborado a partir da sessão “filmes” da publicação “Revista da Folha”, encarte do jornal “Folha de São Paulo”, edição do dia 21 de Agosto, não levou em conta a quantidade de sessões que cada sala reservou para exibição das películas. Somente para ter-se uma idéia, filmes como o “Lanterna Verde” e “Os Smurfs” passam pelo menos em 5 horários por dia, em cada sala, enquanto que nossos “Assalto ao Banco Central” e “Cilada.com”, só ocupam mais de 2 horários em pouquíssimas salas. 2) Em média, um filme brasileiro não fica mais do que duas semanas em cartaz em todo o circuito, à exceção hoje dos mesmos dois heróis, o “Assalto” e o “Cilada”. 3) O público brasileiro, que ficou desacostumado de consumir massivamente o produto nacional, seja pelo sumiço de produções nacionais em exibição comercial por mais de 10 ou quinze anos, seja pela verdadeira lavagem cerebral imposta de há muito pelas distribuidoras dos produtos norte-americanos, embora tenha prestigiado nos últimos 5 anos as grandes produções brasileiras (vide “Cidade de Deus”,”Carandiru”, “Verônica”,”Tropa de Elite I e II”, “Se eu Fosse Você I e II”, “Mulher Invisível”, “Divã”,”Salve Geral” e muitos outros, na verdade ainda alimenta certo preconceito em relação a nossas obras. Diz-se que temos vergonha de ver a nossa cara na telona, preferindo engolir aberrações como um homem morcego ou um homem aranha, ou até os improváveis carros que se transformam em gigantes inteligentes, sentimentais e falantes, mas em defesa, prefiro adicionar outros fatores, como uma certa visão doentia de alguns produtores, que tendem a valorizar em suas obras a pobreza, a bandidagem, o feio, o grotesco e repugnate, o sinistro. Ou então o cara de vida mansa na praia, que só sabe pegar a mulherada. O Brasil não é só favela e bandidagem, ou só o malandro de praia. Tem muita coisa boa acontecendo aqui ou já acontecida para ser contada em forma de filmes, temos muita coisa bonita para ser mostrada, e muita estória divertida e saudável para ser apresentada na forma da linguagem inspiradora da invenção dos Lumière. Também, falta algum tino mais comercial a boa parte dos produtores: salvo os grandes sucessos mencionados acima, nas produções menos votadas os roteiros muitas vezes são meio irregulares e mal elaborados, freqüentemente os “astros” são ilustres desconhecidos, muitas vezes, parentes e conhecidos do diretor-produtor-roteirista, não raras vezes, um auto-proclamado intelectual e gênio incompreendido e injustiçado pelas elites burguesas. Não vamos nos esquecer que as ações de promoção dos filmes são normalmente mal-elaboradas, tímidas, quando não inexistentes. Porém, já se observa a formação de um público certo e costumeiro para nossas obras. (Fui tentar assistir ao “Cilada.com” numa sala num Shopping Center, uma semana após seu lançamento, e desisti, pois era tanta gente na fila que ela praticamente dava a volta no quarteirão. Poucas semanas depois, ocorreu o mesmo com minha tentativa com o filme do assalto, em outro shopping: desisti ao ver a fila, enorme). Gostei de ver. Quanto às produções de outros países, nos entristece a ausência de obras de outros centros culturais de um mundo tão rico em manifestações, como obras dos nossos vizinhos latino-americanos, ou oriundas de países do leste europeu, e da África, justo aqui, uma das maiores cidades do planeta. As produções francesas que listei são apresentadas costumeiramente em dois locais específicos da cidade, os tradicionais Reserva Cultural e Espaço Unibanco de Cinema que, embora comerciais, têm programado filmes de aspecto mais cultural. Não mencionei também a mostra de filmes japoneses, tampouco uma mostra de filmes do astro mexicano Cantinflas, pois não estão sendo exibidos em circuitos comerciais, senão em espaços culturais (Centro Cultural Banco do Brasil e Espaço Cinemateca BNDES). Parece que está instalada uma polaridade entre os norte-americanos e o Brasil, o que, sem dúvida, empobrece. Wagner Woelke Fui experimentar um carro novo em uma concessionária de automóveis multinacional, de origem oriental, instalada no Brasil, onde fabrica seus modelos já há mais de uma década.
A atenciosa, elegante, perfumada e sorridente vendedora, uma garota loura de, talvez, pouco mais de 20 anos, mostrou genuíno entusiasmo enquanto me descrevia as maravilhas do modelo: o “disáini” moderno do modelo, em sua versão “níu”, havia caído no agrado do público consumidor brasileiro, e o carro era líder de vendas na categoria há vários meses. Verificando meu vivo interesse, colocou-me a par das várias formas de aquisição daquela maravilha: à vista, financiado ou por uma modalidade que está fazendo muito sucesso: o “lísingue”. Gentil, perguntou-me se eu gostaria de fazer um “téstidraivi” e, como eu fizera algumas perguntas de ordem técnica, assuntos que ela não discorria com segurança – qual era a cilindrada do motor, quantos cavalos desenvolvia e a quantos giros, qual o torque, etc., entregou-me um “fôuder” explicativo, enquanto deixava-me para conseguir a autorização para saída do veículo. Sozinho na mesa da loja, entorno um gole de café “premium”, produzido no Brasil, e obtenho as informações que buscava no panfleto. Muito mais que isso, fiquei muito impressionado, pois li ali que o carro “made in brazil” vem com “brake light”, o porta-malas tem fechadura “valet service”, a transmissão automática conta com “grade system control” e “shiftronic”, seja lá o que for isso, o computador de bordo tem “ECO driver” no painel, onde conto com um novo “display Eco indicator”, a tração com seu “traking control system”, e os freios com “electronic balanced distribution”, o que sem dúvida me deixou bastante satisfeito, muito embora estas palavras nada me digam, e a direção vem com “electric progressive system”, o limpador de parabrisas tem tecla de acionamento “one touch”, e o equipamento de som, o “CD player” tem “CD changer” no painel, enquanto que o ar condicionado “dual zone”, tem também o seu “air quality control system”, e podemos ficar muito tranqüilos com o aspecto segurança, pois o veículo vem equipado com “air-bag’s” de série para o condutor e para o passageiro. O tal panfleto informativo é distribuído no Brasil, um pais que adotou a língua portuguesa como oficial desde o século XVIII, para consumidores brasileiros, que são ensinados desde criancinhas a falar a língua pátria, língua esta que possui dicionários editados no país com cerca de 175.000 vocábulos listados. Estima-se que possam existir cerca de 400.000 palavras que possam ser atribuídas a esta rica e antiga língua, que á falada por cerca de 350 milhões de indivíduos no mundo todo. Mais: apesar da riqueza da língua, é certo que uma pessoa adulta no Brasil, de cultura média, consegue se fazer bem entender dominando o uso de pouco mais de 2.000 palavras; que um brasileiro que tenha lido integralmente uma tradução para o português da Bíblia Sagrada tomou contato com aproximadamente 6.000 vocábulos, e que uma pessoa muito culta, os grandes escritores como Guimarães Rosa talvez dominem os significados de algo próximo de 10.000 palavras. Tomo outro gole do “premium”, olhar perdido de autômato na direção de um aparelho televisor ligado para ninguém, solitário numa espécie de sala de espera, mais à frente, em divagações de morador de país de terceiro mundo. Enquanto isso, meus olhos percebem alguns dizeres nos anúncios que vão passando na TV: call-center, car system, a loja de roupas da moda “fashion”, localizada no “shopping-center” tal, o “shopping” da família brasileira, está com preços 50% “off”, e meus pensamentos se perdem em desânimo frente a impotência diante do imperialismo, que algema, sufoca, cativa, aliena, e passa como um trator sobre nossos valores e nossa cultura, e não deixa uma brecha para questionamento. Certamente entre as centenas de milhares de vocábulos da fina flor do Lácio encontrar-se-iam facilmente palavras que descreveriam com precisão e beleza, de forma inteligível, cada um daqueles detalhes que me haviam sido introduzidos nos últimos 20 minutos. Sou acordado pela voz doce da minha jovem vendedora preferida, que chega, sorridente como sempre, com as chaves do carro. Dirigimo-nos finalmente à admirável máquina, e posso abrir-lhe as portas através do simples pressionar da suave tecla “off” do aparelho do controle remoto. Entramos no carro e o que vejo de imediato me faz inquirir novamente a minha adorável cicerone a respeito do país de fabricação do maravilhoso veículo. - Brasil, claro – é a resposta entusiasmada! Minha tristeza se mistura com minha frustração logo que me ajeito no confortável banco, diante do que vejo, e procuro não demonstrar minha irritação que já havia subido às alturas, e certamente afeta minha pressão sanguínea ao verificar que no painel do tal carro nacional, o marcador de um tal de “fuel” vai de “E” a “F”, o marcador de “temperature”, de “C” a “H”, a tecla de partida ostenta a inscrição “engine start/stop”, o motor pode ter seu desempenho incrementado em 20% ao se apertar a tecla “power”, e palavras estranhas como “file”, “tune”, “enter”, “cruise”, “cancel”, “mode”, “seek”, “set”, “clock”, “disk”, “air” e muitas outras pululam à minha frente, embaralhando-me os pensamentos e sentimentos e me deixando mudo, eu, uma pessoa que usualmente fala pelos cotovelos, absolutamente em silencio enquanto as palavras descritivas entusiasmadas de minha orgulhosa vendedora soam surdas nos meus ouvidos, pois, sem exagero, fiquei quase fora de mim. Olhei para minha jovem interlocutora em um instante em que ela parou de falar, e avaliei numa fração de segundo se era o caso de perguntar-lhe se ela não se incomodava de vender um atentado para nosso país. “Minha pátria é minha língua”, já disse o poeta exilado nos anos 1970, mas ali pareceu-me que o elo de patriotismo já havia se rompido de há muito, se é que houve um dia, e que seria inócua qualquer tentativa de alerta para o crime em curso. Sim, crime mesmo: o Código de Defesa do Consumidor brasileiro estabelece expressamente, entre outras coisas, que as instruções de operação dos equipamentos vendidos no mercado nacional devem conter as informações redigidas na língua portuguesa, o mesmo com propagandas e manuais. A não observância destes quesitos constitui crime passível de punição com prisão dos responsáveis. (Bem, ao que eu saiba, este modelo de veículo em que eu estava sentado é fabricado no Brasil e vendido às dezenas de milhares por ano, há vários anos – já deviam ter aprendido a falar português, e também que, pasmem, o Brasil tem leis.) Não tive coragem de tirar o brilho do sorriso quase juvenil da simpática e elegante jovem com minhas impressões reacionárias, e conclui o teste retribuindo-lhe a cortesia e a gentileza. Certamente, dentre as cerca de 2.000 palavras necessárias para alguém se comunicar de forma aceitável, as novas gerações já incorporaram pelo menos umas mil que não eram pronunciadas ou escritas por Luis de Camões ou José de Alencar e Machado de Assis . O processo de miscigenação lingüística tem se desenvolvido entre eles de forma silenciosa, com aparência de beleza e modernidade, embora seja tirânica e devastadora. Simplesmente não é percebido. É astuto. A experiência toda descrita acima passou-se numa manhã típica de inverno paulistano, com céu sem nuvens, brisa suave, folhas caindo, crianças sorrindo, pássaros voando, e não durou provavelmente mais do que uns quarenta minutos. Fui para casa cabisbaixo, ombros também caídos, soturno, com a nítida impressão de que o processo de eliminação da nossa pátria está em pleno curso, e é silencioso, sorridente, apelativo, com ares de modernidade. E irresistível... Talvez seja tarde. Wagner Woelke Assistimos ontem ao anúncio por parte da Presidenta Dilma Rousseff e do Ministro do Planejamento, Guido Mantega, do chamado “Plano Brasil Maior”, que trata-se de um conjunto de medidas de incentivo à atividade industrial em alguns setores do país, notadamente ao setor têxtil e também do setor automotivo.
Desoneração da parte-empresa da Previdência Social na folha de pagamento de empresas do setor têxtil e de confecções, redução de IPI nas peças nacionais de veículos automotores, devolução de PIS e Cofins para exportadores, portanto diminuindo a carga tributária e por conseguinte, o famoso “Custo Brasil” pretende ter o efeito de tornar nossos manufaturados mais competitivos frente aos importados, principalmente da China e Coréia. Apesar dos questionamentos de setores não abrangidos pelos “benefícios”, temos conosco que é um começo da tão sonhada política séria de proteção à iniciativa privada em nosso país e à indústria nacional, tão fragilizada frente às investidas dos produtos estrangeiros, principalmente agora, com o Real tão valorizado frente ao Dólar Americano. Mesmo com o PIB nominal anual perto dos 2 Trilhões de Dólares, o que coloca esta nação na 6ª ou 7ª posição no ranking das maiores economias mundiais, nosso querido país ainda não se livrou do estigma de ser um grande fornecedor de commodities e matérias primas. Há alguns anos, estava em Minneapolis, na matriz da empresa norte-americana da qual eu era Controller na filial brasileira , e comentei, orgulhoso, com meu chefe americano, que havíamos acabado de ultrapassar a marca de 1 Trilhão de dólares de PIB, e que havíamos acabado de entrar para seleto grupo de países que exportam mais de 100 bilhões de dólares/ano, quando ele, bem informado, jogou-me um balde de água fria sem dó nem piedade e disse: “Oh, but Brazil exports mainly raw material, isn’t it?” Tentei timidamente argumentar que na nossa pauta de exportação já haviam muitos produtos industriais, mas acho que não fui muito convincente... Acontece que, com o Real forte, já faz um tempo que estamos com um problema sério aqui dentro: o sufoco do parque industrial nacional, cujas empresas já estão iniciando suas demissões em massa de trabalhadores. Vendemos minério de ferro para a China, Japão, Coréia, entre outros, aos milhões de toneladas, e depois eles nos mandam de lá, além das quinquilharias de sempre, mais recentemente carros às dezenas de milhares, motocicletas, insumos de computadores e até trilhos de trem! Há duas ou três décadas, olhávamos os novos vagões de trens suburbanos e do metropolitano, e víamos a placa: “Produzido no Brasil por MAFERSA-Material Ferroviário S/A” – uma empresa estatal de produtos de base. Agora, a recém inaugurada linha “Luz/Vila Sônia” do metropolitano paulista ostenta seus moderníssimos trens conduzidos por controle-remoto – “Made in Korea” Nossas forças armadas fazem seus soldados marcharem em seus exercícios com suas fardas ostentando a etiquetinha “Made in China” em suas golas. O Brasil, um dos maiores produtores mundiais de algodão, e com um dos maiores parques produtores de fibras sintéticas, assiste seu gigantesco parque industrial de vestuário fechando suas portas, demitindo em massa, porque o que temos feito há mais de 20 anos é favorecer a criação de empregos na China e na Coréia. Nossos fabricantes de automóveis, num total de 12 marcas multinacionais instaladas no país (infelizmente atualmente nenhum genuinamente nacional, apesar de o país ter o terceiro ou quarto mercado consumidor de automóveis do mundo), estão ameaçados por novos fornecedores instalados ... onde? Ora, na China, na Coréia, no Japão, os quais já nos mandam seus veículos montadinhos, ou seja, não fornecemos peças, pneus, sequer um parafusinho destas máquinas saem de nossas metalúrgicas ou de nossos fornecedores de autopeças, e as placas de “Admite-se funcionários” de há muito sumiram de suas portarias. Os preços? Impossíveis de serem praticados pelos fabricantes tupiniquins. Nosso parque metalúrgico e siderúrgico está ocioso, e perdendo em desenvolvimento de tecnologia, tão necessária no competitivo mundo do Século XXI. O dinâmico mercado consumidor do Brasil favorece a criação de empregos de altíssima qualidade – lá na China, no Japão, e na Coréia. O forte mercado consumidor brasileiro favorece a pesquisa e desenvolvimento – lá na China, no Japão, e na Coréia. A qualidade dos importados? Bem, há controvérsias. Quanto às motocicletas, falo com conhecimento de causa, pois já cedi uma vez à tentação de adquirir um modelo bonitinho, baratinho, que veio do outro lado do planeta, somente para perder a confiança no produto em pouco mais de 1.000 km rodados: o câmbio não engatava mais a primeira marcha com o motor em movimento, a luz da seta passou a “queimar” toda semana, impreterivelmente, o espelho retrovisor não mantinha a regulagem quando no transito... O revendedor autorizado fechou as portas em menos de dois anos, e os importadores sumiram sem deixar vestígios. E na hora de vendê-la, “passá-la para a frente”, como diz o outro? Vendi por menos da metade do que paguei, e dei graças a Deus por haver conseguido. Quanto às fardas de nossas valorosas forças armadas, pelos comentários que ouvi, só podemos dizer que ainda bem que não estamos em guerra! Senão nossos soldados, além de se preocuparem com as balas do inimigo, teriam que se preparar para serem hábeis com agulha e linha. Para remendar as roupas nas frentes de batalha. É isso ou deixar as vergonhas de fora! Wagner Woelke Em meio à atual temporada de escândalos, os quais volta e meia pululam na administração do PT – digamos: TODO DIA tem novidade, cada uma mais vergonhosa que a anterior, e o poço da vergonha parece não ter fim; TODO DIA estoura mais um -, vimos, pasmos, a Presidenta Dilma Roussef ontem demitir o irmão do Senador Romero Jucá , depois ela mesma parecer assistir há vários meses, muda, o circo pegar fogo e nada fazer.
Não bastasse o caso Palocci, um parto dificílimo e indesejado, já ter sido desnecessariamente longo e desgastante, culminando com a renúncia (nossa, como demorou!) do Ministro-Chefe da Casa Civil, não sem antes ter que passar pela humilhação da intervenção desastrada daquele que a inventou para a vida pública, o performático Lula, logo em seguida explode o caso do Ministério dos Transportes. Timidamente, as 4 demissões iniciais de pessoal do segundo e terceiros escalões do ministério correram o risco, por um fim de semana, de confirmarem aquilo que todo a população já estava desconfiada, a inépcia política e o isolamento idem da anunciada heroína nacional. O fato de ela haver nomeado naqueles dias o próprio ministro dono do ministério assolado pela corrupção desde 2003, para promover a apuração de todo o caso, deixou a sociedade, a imprensa, as oposições, enfim, a todos de queixo caído por seu caráter de ingenuidade e submissão, e a renúncia do titular da pasta em poucos dias – imaginando que com isso escaparia da caçada da tíbia oposição do país, nas duas casas legislativas do Brasil –, correndo para se esconder na casa legislativa, o Senado, só veio denunciar que, uma coisa era a fachada do governo exercido pelo poder executivo do Brasil, identificado pela pessoa da Sra. Dilma, outra coisa era a dinâmica real de toda a coisa, com o butim já todo rateado de há muito entre os piratas, abutres que lotearam e dominam a administração federal do país, em processo que se solidificou, é preciso que se diga, nos últimos anos de governo petista. Alguns dias depois, já eram mais de 15 os demitidos pela própria Presidenta naquela casa, não sem antes nos deliciarmos, no mal sentido, dos atos de escárnio, dignos de circo decadente, protagonizado pelo retirante ministro e alguns de seus auxiliares também decapitados, aquele dizendo que queria nomear seu sucessor (!), esses negando-se a se apresentar para serem demitidos – tiraram férias ao primeiro pipoco do escândalo, obviamente contando com a possibilidade real de, ao retornar em 30 dias, todo o episódio já ter sido devidamente abafado. Não se engane o leitor desatento, ao ver a demissão de toda esta tropa, mais o irmão do senador, pensando que se trata, finalmente, de um sinal de que ela está finalmente assumindo sua função de chefe maior do estado brasileiro. Antes, bem mais parece que um laço de corda bem apertado de uma forca política iminente está sendo elaborado por ela mesma, e ainda é uma demonstração de ingenuidade, porque, se arrumou coragem sacudindo inicialmente os brios do PR, um partido da base de apoio do governo dono de uma representatividade não muito significativa, ainda que nada desprezível tanto no Senado Federal quanto na Câmara dos Deputados, agora ela mexeu com o PMDB, simplesmente o maior partido do país em número de parlamentares, e que cuja ambição de “participação” no governo – qualquer governo: seu mote deve ser: “Si hay gobierno, nosotros siempre somos a favor, pero, queremos la nuestra parte” – é reconhecida desde há muito por qualquer brasileiro, mesmo o mais alienado, e certamente agora mesmo, enquanto estou escrevendo estas mal-traçadas linhas, já deve estar tratando de apontar a poderosa construção – a forca - para a Dilma e o PT, sendo que o mesmo vale para o Senador em questão, velho conhecido por sua escandalosa trajetória no meio político tupiniquim, com alguns – só algunzinhos – processos nas costas. Qualquer criancinha sabe: Sem PMDB, ninguém governa o Brasil. Qualquer criancinha sabe: ainda há muitos irmãos de Senadores a serem demitidos, em todos os escalões do governo. Depois, há os irmãos dos deputados. Depois, há os filhos. Depois, há os cunhados. Depois, os..... Depois, as..., E os... Wagner Woelke |